LIVRO: AUTISMO E PSICOSE NA CRIANÇA
Organização: Jeanne Marie de Leers Costa Ribeiro e Kátia Álvares de Carvalho Monteiro
Coletânea de textos assinados por profissionais e estudantes que atuaram no Núcleo de Atenção Intensiva à Criança Autista e Psicótica (NAICAP), do Instituto Philippe Pinel, no Rio de Janeiro, apresenta o relato de suas experiências onde procuram elaborar algumas respostas às questões suscitadas na prática da clínica em instituições.
Editora: 7 Letras
Número de páginas: 210
Ano de lançamento: 2004
Psicóloga / Psicanalista Flavia Bonfim - Atendimento - Cursos - Eventos - Textos
Contatos: (21) 98212-6662 / 2613-3947 (Secretária eletrônica)
quarta-feira, 30 de março de 2011
quinta-feira, 24 de março de 2011
AGENDA EBP-RIO
Dia 25/03 - Sexta-feira, exibição do filme 15:00 horas, debate 18:00 horas.Cinecien-Rio convida para o filme: "A Cidade das Crianças" (direção Nicolas Bari)
Na vila de Timpelbach, na França, as crianças afrontam os adultos todas as formas de autoridade. Impotentes, os adultos decidem abandonar o local, deixando-os a imaginar que todos partiram numa viagem. Quando as crianças se dão conta de que não existe um só adulto na vila, eles tomam conta de tudo, fazendo suas próprias leis.
Coordenação: Ana Martha Maia e José Alberto Ferreira
Debatedores:
- Sérgio Verani (Desembargador do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro e professor da UERJ
- Romildo do Rêgo Barros (Analista Membro da EBP-AMP e associado do ICP-RJ
Local: Escola Brasileira de Psicanálise - Seção Rio
Rua Capistrano de Abreu n 14 - Humaitá
Na vila de Timpelbach, na França, as crianças afrontam os adultos todas as formas de autoridade. Impotentes, os adultos decidem abandonar o local, deixando-os a imaginar que todos partiram numa viagem. Quando as crianças se dão conta de que não existe um só adulto na vila, eles tomam conta de tudo, fazendo suas próprias leis.
Coordenação: Ana Martha Maia e José Alberto Ferreira
Debatedores:
- Sérgio Verani (Desembargador do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro e professor da UERJ
- Romildo do Rêgo Barros (Analista Membro da EBP-AMP e associado do ICP-RJ
Local: Escola Brasileira de Psicanálise - Seção Rio
Rua Capistrano de Abreu n 14 - Humaitá
Lacanoamericana 2011
C O N V I T E
Convidamos a todos os interessados na Transmissão da Psicanálise, numa perspectiva lacaniana, para participar da Reunião Lacanoamericana de Psicanálise de Brasília, a realizar-se entre os dias 21 e 24 de setembro de 2011, no Hotel Royal Tulip Alvorada Brasilia.
Inscrições com desconto até 31/03/11
Informações: www.lacanoamericana2011.com.br
Instituições Convocantes:
Analyse Freudienne – França / Biblioteca Freudiana de Curitiba – Brasil / Centro de Lecturas: Debate y Transmisión - Buenos Aires – Argentina / Colégio de Psicanálise da Bahia – Brasil / Convocatória al Psicoanálisis. Institución Psicoanalítica de Mar Del Plata – Argentina / Convocatoria Clínica – Espacio Psicoanalítico (Buenos Aires) – Argentina / Escola Lacaniana da Bahía – Brasil / Escuela de Psicoanálisis Lacaniano – Argentina / Escuela de Psicoanálisis de Tucumán – Argentina / Escuela de Psicoanálisis Sigmund Freud (Rosário) – Argentina / Escuela Freudiana de Buenos Aires – Argentina / Escuela Freudiana de la Argentina – Argentina / Escuela Freudiana de Montevidéo – Uruguai / Escuela Freud-Lacan de La Plata – Argentina / Grupo de Psicoanálisis de Tucumán – Argentina / Institución Psicoanalítica de Buenos Aires – Argentina / Intersecção Psicanalítica do Brasil – Brasil / Lazos Institución Psicoanalítica de La Plata – Argentina / Letra Institución Psicoanalítica – Argentina / Maiêutica Florianópolis Instituição Psicanalítica – Brasil / Mayéutica Institución Psicoanalítica – Argentina / Práxis Lacaniana Formação em Escola – Brasil / Red de Psicoanalistas-Rosario – Argentina / Seminário Freudiano Bahía Blanca – Argentina / The Freudian School of Melbourne – Austrália / Traço Freudiano Veredas Lacaniana Escola de Psicanálise – Brasil
segunda-feira, 21 de março de 2011
sexta-feira, 18 de março de 2011
ESCOLA BRASILEIRA DE PSICANÁLISE
SEMINÁRIOS EM NITERÓI - 2011
INICIO: 22/03/11
DURAÇÃO: MARÇO A DEZEMBRO - 2011
19:00 h - Tema: O objeto e os conceitos fundamentais da clínica psicanalítica
Coordenação: Maria Silvia Garcia Fernandez Hanna
20:30 h - Tema: A clínica na contemporaneidade
Coordenação: Ana Lúcia Garcia de Freitas
- Coordenação: Maria Silvia Garcia Fernandez Hanna
- Coordenação: Ana Lúcia Garcia de Freitas
INICIO: 22/03/11
DURAÇÃO: MARÇO A DEZEMBRO - 2011
19:00 h - Tema: O objeto e os conceitos fundamentais da clínica psicanalítica
Coordenação: Maria Silvia Garcia Fernandez Hanna
20:30 h - Tema: A clínica na contemporaneidade
Coordenação: Ana Lúcia Garcia de Freitas
SEGUE AS PROPOSTAS APRESENTADAS PELAS COORDERNADORAS:
- Coordenação: Maria Silvia Garcia Fernandez Hanna
"Retomaremos as elaborações de J. Lacan sobre o inconsciente, a pulsão, a transferência e a repetição a partir do marco delimitado pelo objeto a na clínica psicanálitica.
Bibliografia:
Freud, S. Inibições, sintoma e angústia in Ob Completas, Imago Ed. RJ 1988.
Lacan, J. Seminário livro 10 “A angústia”, Zahar Ed. RJ.
Lacan, J. Seminário livro 11 “Os quatro conceitos fundamentais em psicanálise” , Zahar Ed. RJ"
- Coordenação: Ana Lúcia Garcia de Freitas
"Em 2010, nossa pesquisa buscou avançar na distinção entre a posição histérica e a posição feminina, a partir da leitura que Lacan fez da concepção do feminino em Freud. Este localizou a posição feminina na vertente do ter o falo e com a equivalência falo-filho posiciona a mulher no lugar da mãe.Lacan parte da teoria do primado do falo proposta por Freud, buscando possibilitar outras respostas acerca do feminino, enunciando a vertente do não ter o falo. Recorremos aos textos em que Lacan aprofunda as particularidades concernentes a posição feminina. Estudamos os seguintes textos:
Escritos: “ A Significação do falo”
“ Proposta Diretivas para um congresso sobre sexualidade feminina”
Seminário do livro 4: “ A função do véu”
“ A identificação ao falo”
“ O falo e a mãe insaciável”
Seminário do livro 5: “ O desejo e o gozo”
“ A menina e o falo”
“ As insígnias do ideal”
“ As fórmulas do desejo”
“ As máscaras do sintoma”
“ O significante, a barra e o falo”
Para 2011, daremos prosseguimento ao tema, situando a partir dos seminários 17, 20 e 23 como a concepção lacaniana localiza a posição feminina, ou seja, distinguindo de forma radical a maneira como os homens e as mulheres se situam diante da falta-a-ser: do lado do homem pelo gozo fálico, pela vertente do ter,enquanto, do lado da mulher, face a privação do pênis, pela vertente do ser, sendo objeto de desejo do homem. Aprofundaremos nossos estudos visando situar a posição feminina na contemporaneidade, através de textos afins e das reflexões teórico-clínicas realizadas no seminário clínico que intercala com o seminário teórico."
Local: Rua Lemos Cunha, 442- Icaraí- Niterói
Funcionamento: Segundas e quartas terças-feiras de cada mês.
Informações: 22874419 ou 21744416
Pagamento mensal de R$ 10,00 para a manutenção do espaço.
Pagamento mensal de R$ 10,00 para a manutenção do espaço.
quinta-feira, 17 de março de 2011
PRAXIS LACANIANA - CURSO DE FORMAÇÃO BÁSICA
Neste ano de 2011, no Curso de Formação Básica, a Escola Práxis lacaniana abordará a questão das psicoses. Entre outros textos, dois ocuparão o eixo principal das aulas: “O caso Schreber” de Freud e “As psicoses”, Seminário 3 de Jacques Lacan.
O inconsciente freudiano é isso, a incidência de algo completamente novo que, por sua posição, Freud fez entrar de maneira inesperada.
Nesse sentido, o que se propõe a fazer no Curso de Formação Básica é trabalhar com os conceitos de base e fundamento da psicanálise, que nos permitem ir encontrando as vias de acesso ao inconsciente e ao tratamento possível das neuroses, das perversões e, mais especificamente neste Curso, o das psicoses.
A Escola convida os interessados a participar desta atividade que contará com seis módulos, num total de vinte e cinco aulas, e terá início dia 06 de abril, às 16:30 :
I – Psicose e Psicanálise (4 aulas)
II – O fenômeno psicótico e seu mecanismo (4 aulas)
III – Psicose e Histeria (5 aulas)
IV – Estrutura e manifestação do significante na Psicose (4 aulas)
V – O fenômeno clínico e sua ligação com o significante (4 aulas)
VI – A estrada principal e o significante ‘ser pai’ (4 aulas)
Maiores informações: 2704-8448 / 2710-3522
Fantasia, fição e as transformações do mundo subjetivo
Debate com os autores e lançamento do livro:
A psicanálise na Terra do Nunca: ensaios sobre a fantasia
A psicanálise na Terra do Nunca: ensaios sobre a fantasia
Exposição:
Diana L.Corso (APPOA-RS)
Debatedores:
Benilton Bezerra Jr. (IMS-UERJ)
Lulli Milman (Casa da Árvore)
Coordenadora:
Silvia Zornig (PUC-Rio)
Dia: Sábado, 02 de abril de 2011
Hora: 10:00 hs
Local: Auditorio RDC - PUC-Rio
ENTRADA FRANCA
Local: Auditorio RDC - PUC-Rio
ENTRADA FRANCA
REPORTAGEM SOBRE O LIVRO
Revista VEJA
Edição 2191 - 17 de novembro de 2010
O divã imaginário
Em um livro delicioso e instigante, dois psicanalistas dedicam-se a ouvir o que os personagens do universo pop dizem sobre as metamorfoses da família contemporânea
Bruno Meier PAPAI SABE NADA
Homer, o pai de Os Simpsons — o desenho mais longevo da televisão americana, há vinte anos no ar —, é, de acordo com os psicanalistas Diana e Mário Corso, a melhor tradução do esvaziamento da autoridade paterna na família contemporânea. O único controle que ele mantém em sua casa é o da TV. Infantilizado e trapalhão, é o completo oposto dos patriarcas modelares que figuravam em séries dos anos 50, como Papai Sabe Tudo. Nem sequer consegue ser chamado de pai: seus filhos Bart e Lisa o tratam pelo prenome. Embora Homer, funcionário de uma usina nuclear, ainda seja o provedor, Marge, sua mulher, é mais competente na gestão da economia doméstica. Esse retrato da dissolução do poder do pai, no entanto, não resulta tão iconoclasta quanto se imagina: apesar de seus incontáveis defeitos, Homer ainda se mostra um pai amoroso. Os laços de afeto, em suma, são fortes o bastante para sobreviver às transformações sociais da família.
(Fotos Divulgação)
Durante uma sessão de análise, um pai de família de seus 30 anos desabafou com o terapeuta a angústia por algo que o filho de 6 anos lhe havia dito no dia anterior. Ao ver o garoto rolando de rir com o desenho animado Os Simpsons, o pai perguntou qual o motivo de tanta graça. “Pai, essa família é igual à nossa’’, respondeu o moleque. “Quer dizer, então, que o Homer é parecido comigo?’’, questionou o pai. De imediato, o filho o abraçou e disparou: “Igualzinho’’. A comparação atingiu duramente sua vaidade paterna. A imagem que ele tinha de Homer era a de um pai tolo, atrapalhado e, no limite, irresponsável. “Quando começou a falar sobre Homer, ele imediatamente se deu conta de que o identificava com seu próprio pai”, diz o psicanalista gaúcho Mário Corso. O paciente não queria reproduzir, na educação do filho, as falhas de seu pai. Daí o desespero ao se ver equiparado ao (suposto) chefe da família Simpson. O menino, porém, tinha uma perspectiva menos ácida sobre Homer: um pai trapalhão, sim, mas muito amoroso. A série de animação que possibilita essas leituras tão divergentes é uma das mais de quarenta obras de ficção — do cinema, da televisão, da literatura — analisadas pelos psicanalistas Mário e Diana Corso no livro A Psicanálise na Terra do Nunca (Penso; 328 páginas; 79 reais). O casal armou um ótimo panorama do modo como a cultura pop retrata as mudanças na família, nas relações pessoais, na infância e na adolescência. Fantasias coletivas compartilhadas por espectadores e leitores de todo o planeta, esses produtos devem seu sucesso, em grande parte, à eficiência com que representam anseios comuns ao homem contemporâneo. Homer, o pai de Os Simpsons — o desenho mais longevo da televisão americana, há vinte anos no ar —, é, de acordo com os psicanalistas Diana e Mário Corso, a melhor tradução do esvaziamento da autoridade paterna na família contemporânea. O único controle que ele mantém em sua casa é o da TV. Infantilizado e trapalhão, é o completo oposto dos patriarcas modelares que figuravam em séries dos anos 50, como Papai Sabe Tudo. Nem sequer consegue ser chamado de pai: seus filhos Bart e Lisa o tratam pelo prenome. Embora Homer, funcionário de uma usina nuclear, ainda seja o provedor, Marge, sua mulher, é mais competente na gestão da economia doméstica. Esse retrato da dissolução do poder do pai, no entanto, não resulta tão iconoclasta quanto se imagina: apesar de seus incontáveis defeitos, Homer ainda se mostra um pai amoroso. Os laços de afeto, em suma, são fortes o bastante para sobreviver às transformações sociais da família.
(Fotos Divulgação)
Fantasias compartilhadas
Os psicanalistas Diana e Mário Corso: Homer Simpson e Shrek no lugar que já foi ocupado pelo trágico rei Édipo
(Jefferson Bernardes/prevew.com)
Formados em psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul — conheceram-se nas salas de aula —, Diana e Mário Corso são autoridades na psicanálise de crianças e adolescentes. Já haviam dedicado um livro anterior, Fadas no Divã, ao exame dos contos infantis, nos passos do psicólogo austríaco Bruno Bettelheim (1903-1990), autor de uma obra pioneira nessa área. O novo livro do casal tem um capítulo fascinante sobre as apreensões da gravidez tal como apresentadas (metaforicamente, bem entendido) em filmes de terror como O Bebê de Rosemary e Alien. No geral, porém, privilegia-se a análise de séries e filmes voltados para o público infantil ou jovem. O elenco de personagens examinados vai do boneco Woody de Toy Story aos vampiros de Crepúsculo, com um interregno literário para Holden Caulfield, protagonista de O Apanhador no Campo de Centeio (o romance publicado por J.D. Salinger em 1951 ainda é um dos melhores retratos do desamparo da adolescência). Na perspectiva dos autores, essas obras de ficção pop não são mera fonte de diversão (tampouco uma forma de “alienação”, como ainda acusam alguns retardatários), mas um veículo para que as pessoas identifiquem seus problemas e busquem resolver conflitos interiores. Muitas das obras citadas no livro apareceram nos relatos de pacientes do casal — crianças, adolescentes e também adultos, como o pai incomodado porque seu filho o achava a versão em carne e osso de Homer Simpson. Os psicanalistas Diana e Mário Corso: Homer Simpson e Shrek no lugar que já foi ocupado pelo trágico rei Édipo
(Jefferson Bernardes/prevew.com)
Nos seus fundamentos, a terapia psicanalítica é baseada na narrativa: exige do paciente o esforço de contar a própria história, para então chegar a uma compreensão mais profunda de si. É natural, portanto, que a psicanálise funcione também como uma espécie de método para a crítica de obras de ficção. Sigmund Freud (1856-1939), fundador da disciplina, já se dedicara a examinar obras ficcionais, e o francês Jacques Lacan (1901-1981) levou essa propensão a extremos bizantinos. Diana e Mário Corso seguem a linha lacaniana, mas sem rigidez: seu livro vai deliciar fãs da cultura pop, sejam ou não iniciados na psicanálise.
As metamorfoses da família contemporânea, cada vez menos “nuclear” e mais variada em seus arranjos, ocupam uma parte considerável do livro. A série A Família Addams, nos anos 60, aparece como uma pioneira dos modelos alternativos de família. Mas, apesar de seu inconformismo e aparente monstruosidade, os pais mantinham a tradicional autoridade sobre os filhos: Vandinha e Feioso recorriam a eles, com segurança, para obter orientação. Em Os Simpsons, Bart e Lisa não encontram essa firmeza em Homer — e em Os Incríveis, desenho de 2004, não há superpoder que ajude os pais a equacionar a relação com os super-rebentos. Esse é, também, um eco nítido da realidade. “Hoje o público infantil exige que os personagens sejam mais complexos. Eles são filhos de pais ocupados e inseguros, e amadurecem rápido’’, diz Diana Corso. Essa precocidade é o que permite, por exemplo, que as crianças observem sem choque e com naturalidade os dilemas de um personagem como o ogro Shrek: assim como tantos pais modernos, ele às vezes se cansa, tem dúvidas graves a respeito da educação da prole e chega a se arrepender da decisão de ter filhos.
Freud ia buscar suas referências ficcionais nos clássicos da literatura universal. Édipo Rei, a grande tragédia de Sófocles, está na base de suas teorias sobre o chamado “romance familiar” — o desejo reprimido que o filho tem pela mãe e sua consequente rivalidade com o pai. Essas referências eruditas seriam comuns à sociedade afluente de Viena no tempo de Freud; da mesma forma, animações como O Rei Leão ou Shrek são referência inescapável nos nossos dias. Não se quer dizer, com isso, que o teatro grego clássico e a cultura pop estejam no mesmo patamar artístico — mas sim que têm o mesmo valor como chave para os dilemas dos pacientes, conforme Diana Corso. Quando uma obra diz algo sobre seu público e seu tempo, o trabalho do psicanalista é ouvir.
NA SOLIDÃO DA INFÂNCIA
Onde Vivem os Monstros, lançado em 1963 pelo desenhista americano Maurice Sendak, valia-se de ilustrações deslumbrantes e poucas linhas de texto para apresentar a história do menino Max e sua fuga para uma ilha onírica habitada por monstros. Ao adaptar o livro para o cinema, no ano passado, o diretor Spike Jonze conferiu um contexto doméstico a essa história enxuta: Max agora é filho de pais separados. Sente-se ignorado pela mãe — que tem um namorado — e pela irmã adolescente e seu grupinho de amigos. “As crianças têm muitas coisas complicadas para decifrar e elaborar. Os enigmas da infância são sempre assustadores, e ameaçam devorá-las”, dizem os psicanalistas Diana e Mário Corso. No filme, a fantasia compensa o isolamento que Max sente em sua própria casa, e os monstros refletem sua sensação de estar alijado das decisões dos adultos. O filme mostra, enfim, quão profunda pode ser a solidão de uma criança.
Onde Vivem os Monstros, lançado em 1963 pelo desenhista americano Maurice Sendak, valia-se de ilustrações deslumbrantes e poucas linhas de texto para apresentar a história do menino Max e sua fuga para uma ilha onírica habitada por monstros. Ao adaptar o livro para o cinema, no ano passado, o diretor Spike Jonze conferiu um contexto doméstico a essa história enxuta: Max agora é filho de pais separados. Sente-se ignorado pela mãe — que tem um namorado — e pela irmã adolescente e seu grupinho de amigos. “As crianças têm muitas coisas complicadas para decifrar e elaborar. Os enigmas da infância são sempre assustadores, e ameaçam devorá-las”, dizem os psicanalistas Diana e Mário Corso. No filme, a fantasia compensa o isolamento que Max sente em sua própria casa, e os monstros refletem sua sensação de estar alijado das decisões dos adultos. O filme mostra, enfim, quão profunda pode ser a solidão de uma criança.
FADAS INTIMISTAS
A sátira ao universo dos contos de fadas faz a graça dos quatro filmes da série Shrek. Porém as aventuras do ogro e de sua independente companheira, Fiona, mantêm uma certa fidelidade aos modelos ditados pela tradição: Shrek ainda é um herói que amadurece — vai do isolamento autossuficiente em seu pântano à descoberta do amor de Fiona e à constituição de uma família — em um universo regido pela magia. De maneira diversa da dos contos clássicos, com seus personagens que representavam atributos morais binários (o herói virtuoso e o vilão malvado de arrepiar), os personagens de Shrek têm uma vida interior mais complexa, o que facilita a identificação imediata com as cada vez mais precoces e espertas crianças de hoje. Na expressão de Diana e Mário Corso, trata-se de um “conto de fadas intimista”. “Os contos de fadas mudaram porque nós mudamos”, diz o casal em A Psicanálise na Terra do Nunca.
A sátira ao universo dos contos de fadas faz a graça dos quatro filmes da série Shrek. Porém as aventuras do ogro e de sua independente companheira, Fiona, mantêm uma certa fidelidade aos modelos ditados pela tradição: Shrek ainda é um herói que amadurece — vai do isolamento autossuficiente em seu pântano à descoberta do amor de Fiona e à constituição de uma família — em um universo regido pela magia. De maneira diversa da dos contos clássicos, com seus personagens que representavam atributos morais binários (o herói virtuoso e o vilão malvado de arrepiar), os personagens de Shrek têm uma vida interior mais complexa, o que facilita a identificação imediata com as cada vez mais precoces e espertas crianças de hoje. Na expressão de Diana e Mário Corso, trata-se de um “conto de fadas intimista”. “Os contos de fadas mudaram porque nós mudamos”, diz o casal em A Psicanálise na Terra do Nunca.
TRAMPOLIM DA IMAGINAÇÃO
O estúdio de animação Pixar, sem pressa, lançou nos últimos quinze anos três filmes sobre brinquedos com vida. A série Toy Story tem como centro o caubói de pano Woody e seu amigo astronauta, Buzz Lightyear. Em seu livro, Diana e Mário Corso mostram como os três filmes de animação são eficientes ao retratar a relação das crianças com seus brinquedos. Estes são apenas o suporte material para o exercício da imaginação; para se apropriar de um brinquedo, a criança muitas vezes lhe dá significados que sua forma não faz supor. Em Toy Story 3, especialmente, evidencia-se esse divórcio entre a aparência e o significado: um fofíssimo urso de pelúcia cor-de-rosa é o mais canalha dos vilões, e a boneca Barbie, com seu figurino de loira fútil, revela-se uma garota leal e despachada. Toy Story enfoca também a melancolia de nossa relação com a infância perdida, na figura dos brinquedos que guardamos, empoeirados, no sótão.
O estúdio de animação Pixar, sem pressa, lançou nos últimos quinze anos três filmes sobre brinquedos com vida. A série Toy Story tem como centro o caubói de pano Woody e seu amigo astronauta, Buzz Lightyear. Em seu livro, Diana e Mário Corso mostram como os três filmes de animação são eficientes ao retratar a relação das crianças com seus brinquedos. Estes são apenas o suporte material para o exercício da imaginação; para se apropriar de um brinquedo, a criança muitas vezes lhe dá significados que sua forma não faz supor. Em Toy Story 3, especialmente, evidencia-se esse divórcio entre a aparência e o significado: um fofíssimo urso de pelúcia cor-de-rosa é o mais canalha dos vilões, e a boneca Barbie, com seu figurino de loira fútil, revela-se uma garota leal e despachada. Toy Story enfoca também a melancolia de nossa relação com a infância perdida, na figura dos brinquedos que guardamos, empoeirados, no sótão.
O CERCO À DIFERENÇA
Criada pelo cartunista americano Charles Addams no fim dos anos 30 e depois adaptada para a televisão e o cinema, a Família Addams forma um clã esquisitíssimo, porém generoso — monstruosos, mas “apenas para quem os vê de fora”, na expressão de Diana e Mário Corso. Extravagantes e aristocráticos, os Addams são um exemplo de independência de espírito em uma sociedade na qual vigora a constante preocupação com “o que os outros vão pensar’’.
A família de super-heróis do desenho animado Os Incríveis (2004) vive sob outra forma de coerção social. Eles estão impedidos de usar em público os seus prodigiosos poderes. Esse é um grande problema para os dois superpais, divididos entre incentivar e reprimir o potencial dos filhos. Trata-se de uma representação fantasiosa de um dilema comum aos pais de carne e osso: frequentemente, eles se sentem policiados na educação dos filhos (às vezes literalmente, como no caso do projeto de lei que pretende coibir as palmadas) e, por medo de errar, acabam até negligenciando seus pimpolhos.
Criada pelo cartunista americano Charles Addams no fim dos anos 30 e depois adaptada para a televisão e o cinema, a Família Addams forma um clã esquisitíssimo, porém generoso — monstruosos, mas “apenas para quem os vê de fora”, na expressão de Diana e Mário Corso. Extravagantes e aristocráticos, os Addams são um exemplo de independência de espírito em uma sociedade na qual vigora a constante preocupação com “o que os outros vão pensar’’.
A família de super-heróis do desenho animado Os Incríveis (2004) vive sob outra forma de coerção social. Eles estão impedidos de usar em público os seus prodigiosos poderes. Esse é um grande problema para os dois superpais, divididos entre incentivar e reprimir o potencial dos filhos. Trata-se de uma representação fantasiosa de um dilema comum aos pais de carne e osso: frequentemente, eles se sentem policiados na educação dos filhos (às vezes literalmente, como no caso do projeto de lei que pretende coibir as palmadas) e, por medo de errar, acabam até negligenciando seus pimpolhos.
sábado, 12 de março de 2011
7º Congresso Norte Nordeste de Psicologia - CONPSI
Local: Centro de Convenções da Bahia Av. Simon Bolivar, S/n, Costa Azul Salvador - Bahia |
Período: De 11 a 14 de Maio de 2011 |
Tema: Práticas e Saberes Psicológicos e suas Interconexões
O Congresso Norte-Nordeste de Psicologia (CONPSI) reúne, a cada dois anos, em uma cidade da região norte ou nordeste, Psicólogos, Pesquisadores, Docentes e Alunos de Psicologia de todas as regiões do país, com o fim de compartilhar conhecimentos acadêmicos e profissionais, discutir políticas para a área e promover o avanço da Psicologia no Brasil. Trata-se, portanto, de um evento nacional, um dos maiores da área, prestigiado por todos os grupos envolvidos na construção da Psicologia brasileira. Em sua última edição, na cidade de Belém, Pará, o evento reuniu 3.066 participantes, de 27 unidades da federação (além de participantes do exterior).
Em sua 7ª. edição, o CONPSI será realizado em Salvador, Bahia, retornando à cidade na qual teve origem. É previsto pelo Regimento do Congresso, aprovado pelo conjunto de entidades responsáveis pelo evento, que a cada quatro anos o congresso retorne à Bahia, onde foi inicialmente concebido e onde já foram realizados três eventos, desde 1999, ano de sua criação. A partir da análise sobre a expansão do ensino desde o ano de 1997, quando a única instituição que formava psicólogos na Bahia era a UFBA, o Estado da Bahia é responsável pelo maior crescimento do número de concluintes do nordeste, visto que atualmente possui 31 cursos de graduação em Psicologia, oferecendo mais de 1500 vagas. Além disto, a Universidade Federal da Bahia mantém um programa de pós-graduação em Psicologia com cursos de mestrado e doutorado que obteve o conceito cinco na última avaliação trienal, indicador da sua consolidação e qualidade. A expectativa, por conseguinte, é ter um público em torno de 5000 psicólogos, pesquisadores, profissionais e estudantes de Psicologia e áreas a fins.
Desde a sua criação, o CONPSI é um espaço nacional de diálogo entre o mundo acadêmico e o mundo profissional da Psicologia brasileira, buscando fortalecer o intercâmbio necessário entre a produção de conhecimento científico e a qualificação e desenvolvimento dos serviços prestados à sociedade pelos psicólogos. Espera-se que o 7º CONPSI siga a mesma trajetória de sucesso das edições anteriores.
Mais informações, acesse o site:
quarta-feira, 9 de março de 2011
PRAXIS LACANIANA - PROGRAMAÇÃO 2011
.: PROGRAMA DE ENSINO 2011 :. 1º SEMESTRE : 16/03 a 15/07 2º SEMESTRE : 08/08 a 16/12
|
Escola Brasileira de Psicanálise - AGENDA - MARÇO DE 2011:
Noite Americana Mediateca da Maison de France A loucura de cada um – perspectivas da psicanálise
Com: Romildo do Rêgo Barros e Paula Borsói
Local:
Av. Presidente Antônio Carlos, 58/ 11º andar - Castelo
Rio de Janeiro/ RJ
terça-feira, 8 de março de 2011
Rótulos que aprisionam o sujeito
O video abaixo faz uma crítica ao movimento contemporâneo da clínica psiquiatrica de "etiquetar", colocar rótulos sobre o sujeito. A psiquiatria atual está fundada na incompreensão do sujeito a respeito de seu sintoma, não havendo lugar para nenhuma espécie de subjetivação sobre o que o acomete. Não sendo mais tratado pela palavra, a via medicamentosa tornou-se a única opção de tratamento. Os diagnósticos inventados são os mais variados, muitos feitos a partir de recortes clínicos em decorrência da respostas aos experimentos com medicamentos.
Um bom exemplo disso é o "Transtorno de pânico"*. Este não é um sintoma inédito para a psicanálise, muito pelo contrário, ele já havia sido descrito por Freud desde 1895, porém com uma outra nomenclatura, a saber, Neurose de Angústia. A invenção desse novo diagnóstico psiquiátrico se deu em função de um observação clínico experimental, que tomou como referência os trabalhos realizados pelo psiquiatra americano Donald Kein. Este realizou uma pesquisa com o medicamento imipramina, utilizando-o em pacientes com ansiedade crônica e aguda, que constituiam dois grupos, respectivamente. Nesse experimento, ele observou que a imipramina era eficaz no tratamento de pacientes acometidos com crises de angústia agudas, repentinas e inexplicáveis, não obtendo o mesmo resultado com o outro grupo. Por outro lado, com tranqüilizantes habituais, a resposta não era positiva nos grupos com crises agudas. Assim, a “dissociação farmacológica” possibilitou a criação de uma entidade nosológica que corresponderia a esses novos dados empríricos, que demostra a tendência da psiquiatria a fazer recortes clínicos. Ou seja, de uma dissociação farmacológica no tratamento da angústia, cria-se, então, duas entidades nosológicas: o Transtorno de pânico e o Transtorno de Ansiedade generalizada. O que a psiquiatria fez com o fenômeno de angústia é um bom paradigma para evidenciar as bases de seu trabalho.
* Considerações extraídas do texto de Carlos Augusto Nicéas, intitulado "Pânico e Angústia" In: Latusa 4/5 - Revista da EBP.
Um bom exemplo disso é o "Transtorno de pânico"*. Este não é um sintoma inédito para a psicanálise, muito pelo contrário, ele já havia sido descrito por Freud desde 1895, porém com uma outra nomenclatura, a saber, Neurose de Angústia. A invenção desse novo diagnóstico psiquiátrico se deu em função de um observação clínico experimental, que tomou como referência os trabalhos realizados pelo psiquiatra americano Donald Kein. Este realizou uma pesquisa com o medicamento imipramina, utilizando-o em pacientes com ansiedade crônica e aguda, que constituiam dois grupos, respectivamente. Nesse experimento, ele observou que a imipramina era eficaz no tratamento de pacientes acometidos com crises de angústia agudas, repentinas e inexplicáveis, não obtendo o mesmo resultado com o outro grupo. Por outro lado, com tranqüilizantes habituais, a resposta não era positiva nos grupos com crises agudas. Assim, a “dissociação farmacológica” possibilitou a criação de uma entidade nosológica que corresponderia a esses novos dados empríricos, que demostra a tendência da psiquiatria a fazer recortes clínicos. Ou seja, de uma dissociação farmacológica no tratamento da angústia, cria-se, então, duas entidades nosológicas: o Transtorno de pânico e o Transtorno de Ansiedade generalizada. O que a psiquiatria fez com o fenômeno de angústia é um bom paradigma para evidenciar as bases de seu trabalho.
* Considerações extraídas do texto de Carlos Augusto Nicéas, intitulado "Pânico e Angústia" In: Latusa 4/5 - Revista da EBP.
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