Psicóloga / Psicanalista Flavia Bonfim - Atendimento - Cursos - Eventos - Textos
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domingo, 28 de novembro de 2010

Seminário 4 - Lacan

"se a mulher encontra na criança uma satisfação, é

muito precisamente, na medida em que encontra
nela algo atenua, mais ou menos bem, sua necessidade de falo, algo que satura.” 


LACAN, J. O Seminário 4 – A relação de objeto (1956-57). Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1995. p. 71.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Divulgação de livro

XIII JORNADA INTERSEDES

LAÇO ANALÍTICO ESCOLA DE PSICANÁLISE

XIII JORNADA INTERSEDES 

CLÍNICA E POLÍTICA EM PSICANÁLISE

Rio de Janeiro
IMAS PHILIPPE PINEL – 26 e 27 de novembro de 2010
Avenida Venceslau Brás 65, Botafogo






PROGRAMAÇÃO

Sexta-feira, 26 de novembro

17:00 – ABERTURA

MESA 1 - De 17:30 às 19:00
Coordenação: Miriam Nassar (VGA)
Raquel Médice (convidada: CAPSi de Vitória, ES): O Coletivo é o Outro – considerações sobre a operacionalidade do discurso analítico na Clinica Ampliada.”
Valdene Amâncio (LAEP – Varginha): Como presentificar a Clínica e a Política da Psicanálise no Campo de Saúde Mental?"
Nympha Amaral (LAEP – Rio): A política de Saúde Mental e seus efeitos sobre a clínica psicanalítica das psicoses: uma abordagem metodológica

MESA 2 - 19:00 às 20:30
Coordenação: Elizabeth Angeli (CBA)
Lígia Bahia (convidada, CEBES  - Centro Brasileiro de Estudos sobre a Saúde e NESC - Núcleo de Saúde Coletiva da UFRJ): Saúde, biopoder e política
Antonio Pinto de Oliveira Neto (LAEP – Varginha): Psicanálise e política: um novo laço social
Luciano Elia (LAEP – Rio): A Escola e a política da Psicanálise

De 20:30 às 21:30 – HORA DO DEBATE
Coordenação de Debates: José Araújo Filho (LAEP – Núcleo Florianópolis)


SÁBADO – 27 de novembro

MESA 3 – Das 09:00 às 10:30
Coordenação: Gildete Custódio (CBA)
Oswaldo Maia (LAEP – Rio): Psicanálise e Saúde Mental: o coletivo não é sem sujeito".
Vânia Moraes (LAEP – Varginha): Incidência política do discurso do analista
Rosemary Pinto (LAEP – Rio): Relato de um caso clínico de psicose: quando o trabalho do sujeito se impõe ao trabalho social

MESA 4 – Das 10:30 às 12:00
Coordenação: Augusto Sampaio (LAEP - Rio)
Adriana Rangel (LAEP – Cuiabá): De que se trata no abuso de drogas?
Mariana Senra (LAEP – Rio): A política da psicanálise e a psicanálise na política: alguns apontamentos
José Araújo Filho (LAEP – Núcleo Florianópolis): A alienação fratura o social como consequência do ato político.
Das 12:00 às 13:00 – HORA DO DEBATE
COORDENAÇÃO DE NYMPHA AMARAL (LAEP-Rio)


ALMOÇO – DE 13:00 ÀS 14:30

MESA 5 – Das 14:30 às 16:00h
Coordenação: Marilena Soares (LAEP – Núcleo Janaúba)
José Nazar (convidado: Escola Lacaniana de Psicanálise do Rio de Janeiro): Clínica e política em psicanálise
Daniela Bezerra (LAEP – Cuiabá): A psicanálise e a política de saúde mental: contraponto entre sujeito e burocracia
Maria Sílvia Galvão (LAEP – Rio): O desejo do analista entre A Política e as políticas

MESA 6 – Das 16:00 às 17:30
Coordenação: Graça Seda (VGA)
Isabel Consídera (convidada: Práxis Lacaniana/Formação em Escola): O inconsciente é a política.
Vanda Basso (LAEP –Sede Cuiabá): O desejo do analista e a direção da análise
Kátia Wainstock Alves dos Santos (LAEP – Sede Rio) Algumas considerações sobre a política em psicanálise

Das 17:30 às 18:30h – HORA DO DEBATE
COORDENAÇÃO DE LUCIANO ELIA (LAEP-Rio)


18:30: MESA DE ENCERRAMENTO

Fernanda Padilha Cox - LAEP, Sub-sede do Rio de Janeiro
Maria de Fátima Monnerat Cruz Chaves - LAEP, Sub-sede de Varginha


INFORMAÇÕES E INSCRIÇÕES
Telefone: 25518434
Praia de Botafogo 210/404

Preços:
Estudantes de graduação:
até 19/11: 50,00
após 19/11 e no local: R$ 60,00

Estudantes de pós-graduação e profissionais:
até 19/11: 100,00
após 19/11 e no local: R$ 120,00

O pagamento da inscrição, quando o inscrito tiver a FICHA apensa ao FOLDER de divulgação da Jornada, poderá ser feito através do
BANCO ITAÚ S/A
AGÊNCIA 6012
CONTA 15579-9
em nome da
Sub-sede do Rio de Janeiro do
LAÇO ANALÍTICO ESCOLA DE PSICANÁLISE

Ana Cássia Petroni Rangel - LAEP, Sub-sede de Cuiabá

sábado, 20 de novembro de 2010

SUGESTÃO DE LEITURA

LIVRO:

O dia em que Lacan me adotou

Autor: GERARD HADDAD
Editora: COMPANHIA DE FREUD

Sinopse

Este livro traz o relato, quase romance, de uma experiência que transformou radicalmente a vida de seu autor. Em 1969, sendo então engenheiro agrônomo, Gérard Haddad encontra Jacques Lacan e começa com ele uma psicanálise. Essa aventura vai durar onze anos ao longo dos quais se terá operado uma metamorfose. Pela primeira vez, desde Freud, um psicanalista arrisca contar sua própria análise. Ele nos dá, aqui, um testemunho único sobre a prática tão controvertida de Lacan, ao qual, no entanto, o autor presta homenagem.

JORNADA DA TURMA DO ICP / EBP-RJ


JORNADA DA TURMA 2007
Sábado 27 de novembro 2010


O ICP convida para as Jornadas de Conclusão de Curso da turma 2007, a ser realizada em 27 de novembro de 2010, às 9:00hs na Sede da EBP-RJ.
A Brochura da Jornada estará disponível para cópia na Biblioteca da EBP-RJ durante a semana da Jornada.


 PROGRAMAÇÃO


9:00 - Abertura

Marcus André Vieira- EBP/ICP-Diretor do ICP

9:30 – Escrita e Interpretação

Coordenador da mesa: Fernando Coutinho EBP/ICP

Marilene Cambeiro- Interpretação e lugar do analista: O desejo, o objeto, o real
Debatedor: Maria Silvia Hanna- EBP/ICP

Dinah Kleve- Um caso, três escritas
Debatedor: Ana Lucia Lutterbach-Holck EBP/ICP
Ana Cláudia Jordão- A psicose: Escrita possível de um sujeito?
Debatedor: Maria Silvia Hanna- EBP/ICP

Mariana Mollica- Indicações topológicas sobre o corte analítico: em busca da ética na clínica diferencial
Debatedor: Stella Jimenez- EBP/ICP

11:00- Autismo e Laço Social

Coordenador da mesa: Manoel Barros da Motta EBP/ICP

Lydia de Vasconcellos- Gabriel – um caso de mutismo, ou do que pode fazer laço sem fala
Debatedora: Paula Borsoi- EBP/ICP
Flavia Nahon- Efeitos da transferência no trabalho com uma criança autista orientado pela psicanálise.
Debatedor: Anamaria Lambert- EBP/ICP
Francisca Menta- Um Pequeno enorme Trabalho de Marina
Debatedor: Maria do Rosário C. do Rêgo Barros- EBP/ICP

12:30-13:30- Intervalo
13:30- Percurso do sujeito em análise
Coordenador da mesa: Inês Autran- EBP/ICP
Mariana Lauria- Um caso de fobia infantil e seus desdobramentos na adolescência.
Debatedor: Cristina Duba- EBP/ICP

Vânia Gomes- “Quanto tempo eu fico aqui?”
Debatedor: Maria Inês Lamy- EBP/ICP

Sandra Landim- De Freud a Lacan, o final da análise
Debatedor: Marcus André Vieira- EBP/ICP
Roberta Assunção- Dos diagnósticos de um pai ao inclassificável
Debatedor: Sarita Olga Gelbert- EBP/ICP

15:00- Impasses do Feminino

Coordenador da mesa: Márcia Zucchi- EBP/ICP
Fernanda Hernani- Falar, Amar, Gozar e Escrever
Debatedor: Elisa Monteiro- EBP/ICP
Joana Maia- Do masoquismo da mulher ao semblante            
Debatedor: Glória Maron- EBP/ICP
Cláudia Domingues- A Histeria no Contemporâneo: o amor e seus destinos
Debatedor: Romildo do Rêgo Barros- EBP/ICP

16:30- Coquetel

Local: Sede da EBP-Rio (Rua Capistrano de Abreu nº. 14, Botafogo)
Informações: Secretaria do ICP - Tel. 2286-7993, Solange Vargas

sábado, 13 de novembro de 2010

"Os excessos na busca pela beleza"

A beleza deixou de ser apenas um adjetivo e tornou-se um imperativo social. Ou seja, todos devem ser belos e isso implica em seguir certos padrões estabelecidos pela sociedade. Os meios de comunicação de massa (TV, revista, outdoor) divulgam os novos padrões de beleza e a sociedade exerce pressão para que se chegue à perfeição desses modelos esteticamente padronizados. Não há lugar para as particularidades de cada um.

Ser bonito é ter um corpo escultural, livre de imperfeições, celulite, estrias, rugas, gordura localizada, sempre jovem, além de vestir-se e parecer com os artistas. É bom esclarecer que muitos dos belos corpos expostos na mídia não existem na medida em que são retocados e alterados pelos milagrosos softwares de edição de imagens. Isto que dizer que as pessoas acabam se identificando e idealizando algo inexistente e ilusório.

O padrão de beleza é, sobretudo, o de um corpo jovem, que não aponta para as marcas do tempo. Busca-se esconder que envelhecemos. Ignoramos a realidade humana da passagem do tempo e preferimos acreditar na fábula da fonte da juventude que a ciência pode nos proporcionar.


Beleza: um novo objeto de consumo.
Como é repetido aos quatros ventos, vivemos em uma sociedade de consumo. Somos influenciados a acreditar que podemos obter prazer absoluto através do que se pode comprar. Porém, nunca alcançamos esse prazer, pois sempre aparece um novo produto melhor e mais eficiente que o antigo. Isso mantém as pessoas permanentemente insatisfeitas e abertas às novidades do mercado. A ordem é: “Consuma!”. É neste contexto que surge o “consumismo”, como uma forma de obtenção de prazer e ocultação do mal estar, da falta, da idéia de que não podemos ter tudo, nem podemos ser perfeitos.

Quem nunca ouviu a frase: “Ninguém é perfeito.”? Mas a sociedade moderna nos faz acreditar que podemos alcançar a perfeição por meio de um belo corpo. Assim, a beleza passa a ser também um produto de consumo. Consome-se cosméticos, cirurgias plásticas, serviços de estética, produtos para emagrecimento e para auxiliar a obtenção de massa muscular. Tudo isso para chegar a um modelo de beleza único, fazendo-nos crer que o “corpo perfeito” é a garantia da felicidade amorosa, profissional e social.
Por outro lado, tendo a beleza se tornado um produto de consumo tal como carro, ela se tornou também mais um meio de exclusão social na medida em que a maioria dos recursos disponíveis para o aprimoramento e manutenção da beleza não são baratos. Sendo assim, a sociedade impõe o padrão da beleza e ao mesmo tempo exclui a maior parte da população de ter acesso a ela.

Devo esclarecer que isto não é uma crítica aos cuidados com o corpo, ao uso de cosméticos, à cirurgia plástica, enfim, aos meios nos quais buscamos para melhorar a aparência. O problema é quando se estabelece um modelo único e este passa a ser perseguido incessantemente, como se tudo aquilo que não se encaixa neste padrão de beleza fosse necessariamente feio.

A busca excessiva pelo corpo perfeito pode extrapolar os limites e tornar-se uma obsessão, um vício. Há os viciados em álcool, em jogos, em drogas, mas há também os que só pensam em sua imagem física, que fazem qualquer coisa para atingir o “corpo perfeito”, mesmo com prejuízos para saúde. Como por exemplo: excesso de exercícios físicos, falta de alimentação, ingestão de drogas (anabolizantes), várias cirurgias plásticas. É preciso estarmos atentos à linha tênue que separa o cuidado saudável com o corpo de uma busca compulsiva pela beleza. Lembremos que a perfeição é inatingível e que ser belo não é a mesma coisa que ser feliz.


Autora: Flavia Bonfim. Publicado no Jornal Lig.

SEMINÁRIO 3 - LACAN

“... para que haja realidade, acesso suficiente à realidade, para que o sentimento de realidade não seja como ela é na psicose, é preciso que o complexo de Édipo tenha sido vivido.”

LACAN, J. Seminário 3 – As psicoses (1956), Jorge Zahar Ed., Rio de Janeiro, 2002, p. 226.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Convite - EBP/RJ

 O cartel de ensino sobre a pesquisa em Psicose ordinária, convida a todos para ouvirem nossa colega, Leda Guimarães (Membro da EBP-AMP. Diretora do Instituto de Psicanálise da Bahia), que nos falará sobre:  
 
 "A delicadeza do diagnóstico diferencial entre psicoses ordinárias e neuroses contemporâneas."
 
 
Data:16 de novembro de 2010 (terça-feira)
Local: EBP/ RJ - Rua Capistrano de Abreu, 14 – Botafogo – Rio de Janeiro
Horário: 11hs
Tel: (21) 2539-0960
 
Pertencem ao cartel:
Claúdia Henschel de Lima 
Eliana B.Castro
Lenita Bentes
Nelson Riedel

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Artigo: A feminilidade na psicanálise: a controvérsia quanto à primazia fálica.


Autores: Flavia Bonfim e Paulo Vidal

Resumo: Na história da psicanálise, a postulação freudiana da primazia do falo na
estruturação da sexualidade suscitou uma controvérsia quanto ao seu papel
na feminilidade. Com o intuito de retraçarmos essa polêmica, apresentamos
a elaboração freudiana, percorremos depois as formulações quanto ao devir mulher
de dois pós-freudianos, Klein e Jones, que especificaram a feminilidade
não através da função fálica, mas pelo deslocamento da libido oral para os
genitais. Finalmente, mostramos como Lacan interferiu nessa “querela do falo”,
reconhecendo que uma mulher está inscrita, mas não de todo na lógica fálica e
introduzindo a noção de um gozo suplementar feminino.


Palavras-chave: feminilidade; falo; psicanálise; gozo suplementar.

Artigo completo em: http://www.scielo.br/pdf/fractal/v21n3/09.pdf

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

SUGESTÃO DE LIVRO

LIVRO: Lacaniana I: Os seminários de Jacques Lacan (1953-1963)
Moustapha Safouan

Editora: Companhia de Freud, 2006

Resumo: O célebre Seminário que Jacques Lacan manteve durante mais de vinte e cinco anos (1953-1979) ocupa um lugar maior na história do movimento psicanalítico, tanto na França quanto no resto do mundo. Moustapha Safouan, um dos mais próximos discípulos de Lacan, volta neste volume aos primeiros anos desse ensino, ministrado então no Hospital Sainte-Anne, apresentando metodicamente o seu desenrolar. O exame desses dez primeiros seminários esclarece as respostas trazidas por Lacan tanto às questões maiores levantadas pela experiência psicanalítica quanto aos impasses teóricos com os quais se confrontara Sigmund Freud, bem como os conceitos novos que essas respostas pedem. O autor explicita notadamente a famosa tese segundo a qual “o inconsciente é estruturado como uma linguagem” e sublinha que, desde os primeiros anos de seu ensino, Lacan caminha para uma concepção da psicanálise como saber sem conhecimento, em que o objeto só pode ser entendido por metáfora.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Conferência na UERJ


Conferência: Sobre a gênese do supereu
 
com  Jean-Michel Vivès
 Psicanalista, membro da Association Insistance (Paris) e professor da Universidade de Nice Sophia Antipolis, autor de vários artigos publicados na França e no Brasil, organizador do livro Les enjeux de la voix en psychanalyse dans et hors la cure (Grenoble, Presses Universitaires de Grenoble, 2002).
 
Quarta-feira, dia 10 de novembro às 19:30h
UERJ - sala 10.005 bloco F
Haverá tradução consecutiva

terça-feira, 2 de novembro de 2010

SUGESTÃO DE LIVRO

Livro: O Que Quer Uma Mulher?

Autor: Serge André
Editora: Jorge Zahar

Sinopse

Sabe-se que Freud se formulava a pergunta nos termos "o que quer a mulher?". Ao retomar este enunciado mediante a modificação para "o que quer uma mulher?", o autor pretende examinar como os progressos mais recentes do ensino de Jacques Lacan permitem reajustar o ângulo sob o qual essa questão pode ser retomada. Trata-se então de determinar se a psicanálise nos permite precisar um anseio que seja especificamente feminino. Existiria um voto cujo objeto seria de uma fixidez inabalável para toda mulher? Serge André tenta explicar como Lacan pôde tirar, de sua própria leitura de Freud, esta conclusão cuja fórmula se tornou o slogan que se sabe; "a mulher não existe", fórmula solidária a uma outra, não menos instigante; "não há relação sexual".

Sobre as formulações de Freud e Lacan....

"Temos que distinguir aí dois aspectos diversos, o teórico e o clínico.
Quanto à teoria, costuma-se falar de uma abordagem lacaniana
diferenciando-a de Freud. Mas é preciso ter todo o cuidado, porque,
rigorosamente falando, a abordagem lacaniana é inteiramente
calcada na freudiana. Hoje, se formos rigorosos e contemporâneos
aos avanços teóricos obtidos na psicanálise, não se pode mais falar
em Freud sem falar em Lacan, mas também não se pode falar em
Lacan sem Freud...
A visão que Lacan traz à tona sobre o inconsciente é a mesma que a
de Freud, embora seja uma visão melhor aparelhada, Lacan introduz
elementos teóricos que são como lentes de aumento, instrumentos
de pesquisa muito poderosos, que Freud não tinha. Mas o que ele vai
descobrir com sua visão ampliada é surpreendentemente justo aquilo
que Freud já mostrara em sua obra. Por exemplo, a demonstração
cabal da relação íntima e profundamente enraizada entre
inconsciente e linguagem coube a Lacan, mas ela já está espraiada
ao longo de todo o primeiro segmento da obra de Freud. A
demonstração disso foi freudiana, mas a percepção nítida de que ela
havia sido feita só foi possível com o ensino de Lacan. Em várias
regiões da teoria, Lacan veio a destacar algo que fora apresentado e
descrito por Freud em sua obra, embora não nomeadamente. A obra
de Freud é assim um constante manancial para os psicanalistas e o
que Lacan preconizou aos psicanalistas na década de 50 como um
movimento de "retorno a Freud" deve ser considerado hoje, como já
afirmou Alain Didier-Weill - um psicanalista discípulo de Lacan cujos
trabalhos, entre os quais cito Os três tempos da lei (Jorge Zahar
Editor) são bastante inovadores -, como sendo um retorno contínuo e
não algo que possa ser concluído. Essencialmente, Lacan nos faz ver
aquilo que está em Freud e não se via antes dele. Mas ele trouxe
igualmente novos desenvolvimentos para a psicanálise, embora
nenhum deles se ache dissociado em qualquer aspecto da obra
freudiana.
Claro que do ponto de vista clínico, certas inovações introduzidas por
Lacan (como as sessões de duração variável) foram objeto de um
grande estardalhaço, pois mexiam com regras e padrões
considerados intocáveis pelos psicanalistas até então. Mas isso era
um erro desses analistas, Freud jamais se mostrou rígido quanto a
isso, jamais preconizou que a técnica da psicanálise era algo
universal e absoluto, ele achava que cada analista deveria encontrar
a forma na qual sentisse que estava otimizando ao máximo seu
trabalho junto ao analisando.
Mas os discípulos freqüentemente se acham numa relação de
idealização em relação ao mestre que é perniciosa, pois retira a
capacidade de reflexão e de ponderação. Assim como os pósfreudianos
burocratizaram a prática da sessão fixa de cinqüenta
minutos que era praticada por Freud, alguns seguidores de Lacan
promoveram a burocratização da sessão de duração ultra-curta (de
no máximo quinze minutos de duração) que Lacan praticou somente
ao final da vida, quando já era procurado para análise por
psicanalistas do mundo inteiro. Isso foi um grave erro, talvez pior do
que o primeiro, pois os lacanianos para se sentirem tendo uma
atuação clínica diferenciada passaram a imitar a prática do próprio
Lacan - sem serem Lacan."

Texto extraído de parte da entrevista do psicanalista Marco Antonio Coutinho Jorge ao Diário do Nordeste em 21/04/2000.

Entrevista completa em:

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

"Problemas psicológicos na infância"

Fobia, hiperatividade, ansiedade, distúrbios de conduta, tiques, dificuldades no ambiente escolar, enurese noturna, isolamento social, irritabilidade. São muitos os sintomas psíquicos que uma criança pode apresentar, mas qual a causa deles? Para responder essa pergunta, é necessário analisar cada caso e essa análise é realizada por meio da história de vida da criança e da relação que os pais mantêm com a mesma. Se não é possível afirmar de antemão qual a causa especifica desses sintomas, é possível dizer o que eles têm em comum.

Todo sintoma psíquico é a expressão de um conflito inconsciente. Quando uma criança apresenta algum desses sintomas ou qualquer outra dificuldade de ordem psicológica, ela está emitindo um sinal, uma mensagem. É um sinal que a criança nos dá que algo não vai bem com ela e com seu ambiente familiar.

O meio familiar é que o constitui, forma e influencia a criança. Ela está fortemente ligada a seus pais. Sendo assim, qualquer perturbação no universo familiar, qualquer problema experimentado pelos pais, a criança se encontra informada, mesmo que nenhuma palavra seja dita sobre o assunto. A criança percebe as dificuldades de seus pais através de pequenos gestos, alterações de atitudes, tensões e sentimentos expressos de forma verbal e não-verbal. Ela está informada sobre isso de maneira inconsciente, ou seja, a criança muitas vezes sabe do problema sem ter consciência dele. E ao perceber inconscientemente tal dificuldade, a criança pode tomar para si o que é problemático em sua família, produzindo, assim, ela própria um sintoma.

Sendo assim, o mais importante não é classificar se a criança é hiperativa ou ansiosa, por exemplo, mas entender que seu sintoma é a indicação de um sofrimento que ela experimenta. Por isso, o tratamento psicológico se mostra tão importante nesses casos. Com ele, a criança terá um espaço de simbolização e elaboração no qual poderá dar voz à sua dificuldade por meio da fala, mas também da brincadeira e do desenho, de modo que possa encontrar novas maneiras de lidar com os problemas.

Cabe lembrar que não é possível realizar nenhum acompanhamento psicológico sem a presença dos pais ou dos responsáveis da criança. Convocá-los a falar sobre a criança, a importância que esta tem para eles e, muitas vezes, a falar sobre si, contribui para o tratamento psicoterápico desenvolvido com crianças de um modo geral. E mais: possibilita que os pais também possam, além de falar, se escutar e refletir sobre o que acontece com seu filho.

Texto publicado no Jornal Lig - Coluna vida
Autora: Flavia Bonfim
Psicóloga - Niterói/RJ
Rua Dr. Borman, 23 - sala 505 - Centro - Niterói
Tel: 8212-6662 / 2613-3947