Após ter ficado um longo tempo sem publicar no blog, estou de volta.... Esse afastamento foi por uma boa razão: estava concluindo meu doutorado. Por outro lado, foi um período de intenso estudo e pesquisa, que rendeu alguns frutos que compartilho aqui com vocês. São três artigos que escrevei em co-autoria, no qual me arrisquei em temas novos, como o racismo e o feminismo. Deixo com vocês o resumo e link, caso tenham interesse de seguir com a leitura:
1) Psicanálise e racismo: entre os tempos de ver, compreender e concluir
Autoras: Rosa Schechter e Flavia Bonfim
Resumo: Propomos neste artigo uma articulação entre psicanálise e racismo a partir dos três tempos lógicos de Lacan. Partimos de um instante de ver, constatando que do racismo nada quisemos saber, seguido de um tempo para compreender os motivos do distanciamento dos psicanalistas brasileiros das questões raciais. O tema do racismo permanece recalcado e denegado pelo povo brasileiro, de modo que também os analistas não escaparam desse sintoma social. Diante disso, chegamos ao momento final, concluindo que se tornou urgente discutir sobre o sofrimento psíquico produzido pelo racismo. O racismo pode ser entendido como um ódio ao gozo do Outro. A partir dele, discursos são estruturados e operam de modo a aprisionar as pessoas negras a lugares simbólicos de subalternização. Tais discursos têm o corpo como suporte e produzem impacto na constituição subjetiva do negro, podendo acarretar sentimentos de autodesvalorização e inadequação.
Link: https://periodicos.uff.br/ayvu/article/view/43469
2) Encontros e Desencontros de Judith Butler com a Psicanálise
Autores: Flavia Bonfim e Paulo Vidal
Resumo:
A proposta deste artigo é apresentar algumas considerações sobre o pensamento da filósofa Judith Butler, suas críticas à teoria de Lacan, bem como alguns contrapontos a seus argumentos críticos, com o objetivo de demarcar os encontros e desencontros de Butler com a psicanálise. Nesse percurso, identificamos que as críticas da autora se restringem ao primeiro ensino lacaniano, não levando em considerações os avanços das fórmulas quânticas da sexuação e a noção de sinthoma, como arranjo singular do falasser com o gozo. Além disso, constatamos também que seu questionamento em relação à psicanálise não impossibilitou que, para pensar o gênero, Butler se servisse do aparato conceitual da metapsicologia freudiana e lacaniana, especialmente da noção de pulsão. Concluímos que as críticas de Butler à psicanálise não precisam ser tomadas como um problema ou um entrave, visto que elas promovem uma exigência frutífera de precisão teórico-clínica, que irrompe na atualidade, para avançarmos no debate sobre as novas ordenações da sexualidade.
Link: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/revispsi/article/view/62735
3) Crítica à categoria universal de “mulher”: por uma articulação entre feminismo e psicanálise
Resumo:
A proposta deste artigo é problematizar a noção da categoria universal “mulher”, com a intenção de pensar uma possível aproximação entre o feminismo e a Psicanálise. Para tanto, iniciamos com as considerações do psicanalista Jacques Lacan sobre o feminino, a partir de seu aforismo “A mulher não existe”. Em seguida, discutimos a crítica de Judith Butler sobre a inexistência do sujeito que o feminismo almeja representar, na medida em que o momento inicial do movimento dissociou a temática do gênero das questões raciais, classistas e étnicas. Como exemplo dessas questões negligenciadas, destacamos o feminismo negro como um analisador dos impasses do discurso universalizante no interior do movimento feminista. Por fim, concluímos que tanto Lacan quanto Butler, com as particularidades de suas produções teóricas, denunciam a precariedade de uma identidade “mulher”.Boa Leitura!
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