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quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Jornada da Praxis Lacaniana - O sintoma na psicanálise

CONVOCATÓRIA:

O sintoma na psicanálise

"A psicanálise não surge num momento histórico qualquer, aparece em correlação a um passo: certo avanço do discurso da ciência moderna. O efeito do ato de Freud, de sua descoberta do inconsciente diz respeito a uma disjunção fundamental entre ser e pensamento, um corte radical que incide no sujeito do cogito cartesiano.

A partir da clínica das neuroses (histeria, obsessão e fobia), Freud situou que a formação de sintoma ocorre no ponto de cisão e se constitui como satisfação substitutiva diante da perda de ser que o sujeito sofre por sua entrada na linguagem e por estar submetido ao significante. Portanto, por ser falante e sexuado, o sujeito está defrontado com a impossibilidade de que haja um saber padronizado e normativo sobre o sexo. Afinal, no quê, em suma, está fundada a descoberta freudiana, senão nessa apreensão fundamental de que os sintomas do neurótico revelam uma forma desviada de satisfação sexual? Os sintomas são formações do inconsciente e, enquanto tal, dizem que há uma intrusão do real.

A função da repetição, em sua articulação com o sintoma, diferencia a experiência do sujeito dividido do da histerização do discurso. A rememoração histérica que possibilitou a descoberta da psicanálise não situa a mesma divisão do sujeito pelo significante que a repetição enquanto função. Esta coloca uma constante de gozo que situa o sujeito no inconsciente e o sintoma analítico, como mais gozar.

O lugar do sintoma na psicanálise diz da singularidade do sujeito do inconsciente, já que ele não é nem alheio, nem independente de seu sintoma. Há uma identificação necessária do sujeito a seu sintoma e é com isso que há possibilidade de análise. Portanto, o lugar do sintoma na psicanálise é diferente da pluralidade de uma constelação sintomática. O sintoma é o encontro do sujeito com algo impossível de dizer e com o que não anda, que vem do real. Não se trata, portanto, da realidade social nem da genética.

Nessa direção, dizemos que o analista faz parte do sintoma e que a própria psicanálise é um sintoma. Isto tem lógica pelos efeitos de um discurso que não toma o sintoma como um incômodo ou moléstia com o qual o sujeito nada tem a ver, mas sim o toma como o que diz respeito à ação do significante sobre o sujeito, uma vez que o sujeito está representado por um significante para outro significante. Se há sujeito, há sintoma. Não há, consequentemente, como evitar o domínio do significante. É nesse sentido que podemos dizer que a política da psicanálise é o sintoma.

Iniciaremos a Jornada com uma palestra que terá como tema O que não cessa de se escrever do sintomaministrada por Isabel Martins Considera. Em seguida teremos diversos trabalhos apresentados em mesas de debate. Contamos ainda com a participação de colegas de outros campos de saber para trabalhar o tema.

Convidamos os interessados para discutir conosco as questões cruciais referentes ao tema, como: o sintoma histérico; o sintoma obsessivo; o sintoma fóbico; sintomas e fenômenos psicóticos; o fenômeno psicossomático; os caminhos da formação do simbólico; o sintoma analítico; o mais gozar com o sintoma; o traço unário com o sintoma; a mulher como sintoma do homem; os nós de letra do sintoma; sintoma e devastação; o que não cessa de se escrever no sintoma; do sintoma ao sinthoma; e, outros."

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