Histeria,
feminilidade e não-todo
POR fLAVIA bONFIM
Aproximar-se da histeria é, de certa forma, aproximar-se da constituição da psicanálise, já que foi através do encontro com o sofrimento histérico que Freud pôde formular a teoria e clínica psicanalítica na medida em que este interrogava o saber médico. A delimitação da etiologia psíquica da histeria foi paralela às mais importantes descobertas da psicanálise (inconsciente, recalque, identificação, fantasia, transferência). E como se não bastasse, toda entrada em análise pressupõe a histerização do sujeito – momento no qual o sintoma é transformado em enigma e passa a representar a divisão do sujeito. A histerização implica que o sujeito se dirija ao psicanalista com uma pergunta a respeito de seu sintoma: “O que isso quer dizer?” Essa é a característica do sujeito histérico, que pressiona o mestre (S1) a produzir um saber (S2) sobre seu sintoma.
Na atualidade, porém, já não é possível encontrar com tanta freqüência os casos clássicos de histeria como os relatados na obra freudiana. Por outro lado, não é possível dizer que eles não existem mais. Encontramos com mais constância, sim, novas roupagens para os sintomas corporais tão comuns na histeria, porém aderidos aos significantes da ciência, como por exemplo, os casos de anorexia e a bulimia, que como os sintomas conversivos trazem uma mensagem escrita no corpo endereçada ao Outro.
Seja na época de Freud, seja contemporaneidade, nos confrontamos com uma constatação fenomenológica: há mais histéricas do que histéricos. Isso não é novidade alguma. Esta constatação por si só não nos revela muita coisa, mas por ter se tornado tão evidente não provoca questionamentos. Por sustentar que este dado não tem nada de óbvio, introduzo uma pergunta bastante inicial: “Qual a relação entre feminilidade e histeria?” É justamente esta questão que tentarei trabalhar neste artigo. Não proponho, aqui, confundir a posição da mulher com a da histérica – equívoco sugerido na própria etimologia da palavra “histeria”[1] – mas discutir como o não-todo feminino pode vir a se articular com a estrutura da neurose histérica.
É em sua segunda clínica, precisamente, nos anos 1972-73, com o texto “O aturdito” e o Seminário 20 – Mais, ainda, que temos acesso a uma inovadora constatação expressa pelo além do Édipo que pôde articular de modo mais preciso a problemática que coloca dos lados das mulheres. Para estas, o falo não é capaz de responder a tudo que é da ordem do gozo e de sua posição sexual. O falo, durante todo ensino lacaniano, foi tomado como o único significante da sexuação, porém, é no último Lacan que se revelam as conseqüências desse fato para as mulheres. Havendo um significante da sexuação, ao nível do discurso inconsciente, não existe relação possível entre dois sexos opostos. Dizendo de outro modo, para o inconsciente, o Outro sexuado não existe, visto que não há um significante que fundamente o ser da mulher como há para o homem.
Avançando nesta discussão, Pommier (1997) articula que a mulher encarna a falta sob dois pontos de vista: de um lado, ao nível imaginário, na medida em que ela é o que não tem (apesar de nada faltar); e por outro, ao nível simbólico, visto que “mulher” é uma palavra cuja referência é faltosa. Tomando o nível imaginário, o sexo da mulher fornece apenas uma ausência, já no do homem encontramos aí uma prevalência gestaltica fálica. Diferentemente do homem, o sexo da mulher tende a ser percebido como um buraco, um vazio – o que remete ao sujeito ao impossível de simbolizar. É nesse sentido, que Lacan afirma seu famoso aforismo: “A Mulher não existe”. Existe a palavra “mulher”, mas ela não remete a nada que seja próprio ao feminino. A “mulher não tem identificação, mas sim identificações, que exprimem a falta de consistência do traço identificatório e revelam a impossibilidade de definir um modelo feminino.” (idid, p. 33) E diante de um buraco ao nível simbólico, a feminilidade surge como uma “máscara”[2] que recobre o vazio de nomeação.
Frente a essa vazio de nomeação, o corpo da outra mulher é tomado como suporte de sua identificação imaginária, na ausência de um reconhecimento simbólico. Eis porque podemos encontrar um certo fascínio e curiosidade que as mulheres tem umas nas outras, buscando assim encontrar um traço da feminilidade que lhe falta (TEIXEIRA, 1991) Ao nível simbólico, o sexo da mulher falta material, sendo neste ponto onde o obstáculo emerge na realização da identificação essencial à constituição da sexualidade do sujeito. Assim, a mulher é obrigada a tomar a imagem do outro sexo como base de sua identificação, na medida em que é impossível para a mãe fornecer qualquer traço único à sua filha.
Em outros termos, Lacan, já em 1956, escreveu que a realização do sexo da mulher não se organiza de forma simétrica à do homem. Ou seja, a mulher não se identifica com a mãe, como se poderia supor, mas com o pai - o que lhe destina um desvio. Tomando o caso Dora, Lacan (2002 b) assinala que ela ao se interrogar sobre “o que é uma mulher?”, tenta simbolizar o órgão feminino como tal e como não consegue identifica-se com o homem (supostamente portador do falo) como uma via de aproximar-se dessa definição que lhe escapa. Lembremos que a identificação é um mecanismo muito comum na histeria. Por outro lado, Lacan considera:
Mas
a desvantagem em que se acha a mulher quanto ao acesso à identificação de seu
próprio sexo quanto a sexualização como tal, na histeria transforma-se numa
vantagem, graças a sua identificação imaginária com o pai, que lhe é
perfeitamente acessível, em virtude especialmente de sua posição na composição
do Édipo. (
Lacan (ibid.) comenta que quando a mulher é introduzida na histeria, sua posição passa a ter uma estabilidade particular, em função da simplicidade dessa estrutura. Isso quer dizer que fica mais fácil para ela abordar sua questão pelo percurso mais curto, a saber: apaziguando-a com a identificação com o pai. A histeria mostra-se, portanto, como uma via pela qual a mulher tenta estruturar a complexidade de sua realização edípica.
Para articular mais decisivamente a relação entre feminilidade e histeria, tomo neste momento a discussão lacaniana a respeito da lógica do não-todo. No Seminário 20, Lacan (1985) nos fala sobre dois tipos de gozo e sobre a diferenciação entre a posição feminina e a masculina, que podemos encontrar no quadro sobre as fórmulas quânticas da sexuação:
A coluna esquerda descreve a posição masculina e o lado oposto, a feminina. Não há aqui, nenhuma referência à biologia, de modo que esta divisão não corresponde a distinção anatômica entre os sexos. Lacan busca destacar, assim, a posição subjetiva de cada sexo determinada no próprio discurso do sujeito. Em qualquer dos lados, podemos encontrar que a função Φx tem relação com a sexualidade e esta provém da função fálica. Localizar-se de um lado ou de outro depende da maneira como o sujeito está assujeitado a essa função. O “x” designa o sujeito.
Eis as inscrições do lado masculino:
Existe um “x”, um sujeito, para quem a função Φx não funciona, ou seja, existe um homem que se inscreve contra a castração.
Para todo homem há a inscrição da função fálica, exceto por um sujeito pelo qual a função Φx é negada, ou seja, do pai da horda primitiva – o homem que podia gozar de todas as mulheres. Isto implica que todo homem e tudo que estrutura seu gozo está submetido a castração.
A seguir as fórmulas do lado da mulher:
Não existe mulher para quem a função fálica não funcione, não há mulher que não esteja assujeitada à castração.
Para não-todo sujeito é devemos considerar que a função fálica funcione, isto é, a mulher é não-toda referida à castração e nem tudo em uma mulher está submetido a lei do significante.
Sobre essa parte do quadro correspondente ao lado feminino, Lacan comenta que “se ele [ser falante] se inscreve nela, não permitirá nenhuma universalidade, será não-todo, no que tem a opção de colocar na Φx ou bem de não estar nela.” (1985, p. 107)
Segundo André (1998),
indica que não existe do lado feminino nenhuma figura fundadora de um conjunto de mulheres visto que nenhuma mulher faz exceção à regra, situando-se fora da castração. Diante disso, cabe aos sujeitos que se situam desse lado, escolher entre recusar ou aceitar a falta de fundamento. Se recusam, acabam por ter que se colocar do lado masculino, encontrando, assim, uma identidade. Não é essa a escolha comum na histeria? Por outro lado, aceitar a falta de fundamento é a saída que Lacan propõe para o impasse do Édipo feminino posto na teoria freudiana. Escolher essa opção é se defrontar com a constatação de que “A Mulher não existe” e não pode ser incluída em um conjunto fechado, mas devem ser contadas uma a uma. Assim, a mulher precisa se inventar. Dizendo de outro modo, as mulheres não fazem Um como os homens, mas permanecem em sua infinitude. Aqui, cabe o seguinte comentário de Pommier:o
gozo feminino se separa do Nome. Uma mulher, como ser falante, está separada da
feminilidade que encarna. A cisão que experimenta impõe a ela um escolha entre
sua identidade e seu gozo. Nesse vel,
a primeira não qualifica a feminilidade que, nesse aspecto, está sob a mesma
égipe que a de um homem. O segundo supõe a perda, ao menos momentânea, da
primeira. Se busca o gozo que lhe é próprio, perde sua identidade e seu nome. (1997, p. 35)
Outro ponto a destacar diz respeito ao modo como a castração se coloca para a mulher, ou seja, dividindo-a, ao contrário do que acontece no ser masculino que o unifica sob o significante “homem”. Dessa maneira, uma mulher sente que uma parte de si está submetida ao gozo fálico (gozo sexual, determinado pelo significante falo), enquanto a outra se situa no gozo Outro, no gozo do corpo (gozo que escapa ao domínio significante e por isso situa-se fora-da-linguagem). Convém ressaltar ainda nesse ponto que o gozo Outro não é um traço particular do feminino e o gozo fálico, do masculino; mas o que está em jogo é modo como esses dois tipos se gozo se encontram na mulher.
Por o gozo Outro está fora da linguagem, nenhuma palavra pode ser dita sobre ele, logo, nada se sabe a seu respeito. Isto pode sugerir, então, que a mulher desconhece aquele que a faz não-toda. Lacan (1985) escreve que o que a mulher sabe é o fato de que ela experimenta esse gozo. Sobre esse gozo do qual não se pode emitir nenhuma palavra, Lacan o compara aos místicos ao afirmar que “o testemunho essencial dos místicos é justamente o de dizer que eles experimentam, mas não sabem nada dele.” (ibid, p. 103)
O gozo feminino não está situado no mesmo registro que o do homem. Apesar de não poder ser situado no mesmo registro, é a partir do gozo fálico que podemos supor um outro gozo. O gozo fálico, por está articulado ao significante, nos faz supor que há uma “outra coisa”, um “mais-além”, na medida em que a função do significante é evocar outra coisa além do que ele diz. É uma espécie de gozo não-todo referido ao falo, que, no entanto, não escapa de está de alguma maneira nele. Lacan comenta que “Não é porque ela [a mulher] é não-toda na função fálica que ela deixa de estar nela de todo. Ela não está lá de todo. Ela está lá à toda. Mas há algo mais” (1985, p. 100)
Cabe aqui sinalizar o modo como Lacan se refere ao gozo feminino, ou seja, como um gozo suplementar - sendo rigoroso no uso dessa palavra. Ele escreve: “eu disse suplementar. Se eu estivesse dito complementar, aonde é que estaríamos! Recairíamos no todo.” (LACAN, 1985, p. 99, grifo do autor) De maneira simplista, podemos, através do significado do dicionário dessas palavras que Lacan põe em destaque, perceber a sutileza de seu enunciado. Suplemento significa a parte que se adiciona a um todo para ampliá-lo e complemento é aquilo que completa, formando um todo. Lacan, enfatiza na sentença acima, aquilo que é fundamental sobre a discussão a respeito do gozo feminino: a mulher é não-toda e seu gozo está situado num “além”, ultrapassa o gozo fálico.
Agora, voltemos nossa atenção para a parte inferior do quadro da sexuação exposto anteriormente. Lacan (1985) diz que essa parte é chamada impropriamente de humanidade, no que ela se repartiria em identificações sexuais. Em seguida, propõe o modo como essas partes se relacionam, ou melhor, não se relacionam. Do lado do homem, ele inscreveu o $ e o Φ. Na seta que sai do lado masculino em direção ao feminino, percebemos que a ligação de $ é com o objeto “a”, propondo que o homem só pode atingir seu parceiro sexual por intermédio deste ser a causa de seu desejo. Ou seja, para o homem, a relação com a mulher se reduz à fantasia e é por meio disto que ela recebe o estatuto de Outro para ele.
Do lado da
mulher, Lacan (ibid.) afirma que a partir do momento em que ela é não-toda, o
artigo “A” tem que está barrado. A inscrição também nos mostra que A mulher relaciona-se com o Outro – S(A), enquanto aquilo que falta
como significante no Outro e com Φ mediante o que o homem pode encarnar para
ela, sem, contudo, se ocupar inteiramente com ele. Disso extraímos que a mulher
tem gozo é não-todo ocupado no homem, situando para além dele seu verdadeiro
parceiro - S(A). Todavia, conectar-se ao
homem é a condição para ela ter acesso ao gozo não-todo. Nesse sentido, André comenta “Que a parte
propriamente feminina do gozo se articule a S(A) mais-além da contribuição
fálica que faz do parceiro, quer dizer que uma mulher goza dela mesma enquanto
Outra a ela mesma.” (1998, p. 224)
Realizada
tais considerações, podemos agora dar um certo encaminhamento a pergunta posta
na introdução deste trabalho, correlacionando neurose histérica e feminilidade.
O neurótico é aquele que aceitou o fato de que o falo é o único significante
sexual e que há, nesse sentido, conforme já mencionamos, duas possibilidades de
inscrição na função fálica: todo fálico ou não-todo fálico. Referindo-se a
posição feminina, Morel salienta que: “O não-todo [...] não é a existência de
alguma coisa não-fálica. É alguma coisa muito mais indeterminada do que isso.”
(1997, p. 104) Por ser indeterminada, tem algo de desconfortável, arriscado.
Onde me ancorar? – pode-se perguntar uma mulher. Morel (ibid.) diz, então, que
é menos arriscado dirigir-se ao gozo fálico. Ou seja, “é mais tranqüilizador se
identificar com o homem do que ser seu objeto.” (MOREL, 1997, p. 111) É isto
que faz a histérica ao “bancar um homem” e recusar ser situada no lugar de
objeto do desejo dele.
“Bancar o homem” não quer dizer ter aparência de homem, mas faz referência ao nível inconsciente do desejo, numa tentativa de cercar a feminilidade à maneira masculina. O desejo da histérica, Lacan afirma, que “Freud o ordena como desejo de ter um desejo insatisfeito.” ( 1998 c, p. 627) Já a identificação na histeria, esta sempre se dá ao nível do desejo do outro. Se tomarmos um caso paradigmático a esta discussão, a saber: o sonho da Bela Açogueira, podemos articular um pouco mais a questão do desejo e da identificação, mesmo que rapidamente. Lacan nos mostra que sonho introduz, entre outras coisas, um questionamento: “como pode uma outra [amiga] ser amada [...] por um homem [marido] que não pode se satisfazer com ela [...]? Eis a questão esclarecida, que é, em termos muito gerais, a identificação histérica.” (LACAN, 1998 c, p. 632) De outro modo, é possível dizer que este sonho coloca em jogo a identificação dita histérica na medida em que a sonhadora se identifica com o homem, mais precisamente com o significante do desejo, todavia, não se trata de um desejo qualquer, mas um desejo que não pode ser jamais satisfeito.
Outro ponto a destacar a respeito do não-todo, fala da conexão da mulher com homem. Morel (1997) propõe que a mulher pode se relacionar com o homem de duas maneiras. Uma maneira é servir-se dele para aceder ao gozo Outro, aceitando ser objeto a de um homem – o que lhe permitiria ser Outro para ele. Isso seria fundamentalmente a posição feminina. O outro modo de se relacionar com o homem é identificar-se com ele, recusando ser seu objeto. Este é o modo característico na histeria. Tal posicionamento não permite ser Outro no gozo, mas impõe uma questão de ser saber Outro. Entretanto, Lacan adverte que “não há necessidade de ser saber Outro para sê-lo”.(1985, p. 114) Morel (1997) aponta que são dois modos de se relacionar com o homem muito próximos um do outro.
Sobre essa proximidade, Fuentes (2004) argumenta que a mulher, sem um
significante para representá-la, acaba se refugiando numa máscara para ser
desejada por um homem, mostrando-se como aquilo que lhe falta. Assim, Fuentes
afirma: “para ser objeto de um homem, uma mulher o será na condição de
semblante.” (ibid., p. 53) Disso, tiramos como conseqüência que, nas mulheres,
a instância do semblante é acentuada tendo em vista seu lugar no casal sexual
de fazer desejar, que implica em moldar-se as condições de desejo do homem. O
semblante, por ser uma máscara, pode ter várias faces. Mas o impressionante é
que a face fálica se apresente como próprio da mascarada feminina. “O fato de a
feminilidade encontrar seu refúgio nessa máscara, em virtude da Verdrangung inerente a marca fálica do
desejo, tem a curiosa conseqüência de fazer com, no ser humano, a própria
ostentação viril pareça feminina.” (LACAN,
Todavia, de tanto se apresentar como uma mulher fálica, ela pode acreditar ser possível saturar a falta que a faz mulher, não-toda. A histérica faz isso, porém, quanto mais ela se aliena no lugar do falo, mais distante permanecerá do gozo que lhe é próprio, que não complementa, mas ultrapassa o gozo fálico. Desse modo, conclui Fuentes: “quanto mais uma mulher crê no seu semblante, fazendo dele um verdadeiro refúgio para a feminilidade, mais ela sacrifica nela o que há de feminino. Eis o desafio para mulher, já que mascarar-se é a condição para ser desejada por um homem”.(2004, p. 55)
Por último, encerro fazendo referência à distinção entre mulher e
histeria apresentada por Soler. A autora é altamente precisa nesse sentido, contudo,
é justamente onde ela situa a distinção que é possível verificar o ponto de
encontro. A mulher , diz Soler (2005), “quer gozar”, já a
histérica “quer ser” – ser o que falta ao Outro. O querer gozar da mulher é
também acompanhado pelo querer “fazer gozar” na medida em que o gozo do
parceiro vem no lugar de causa do desejo dela. A histérica se esquiva de ser
objeto de gozo, preferindo estar situada como objeto precioso que sustenta o
desejo e o amor. Sua oferta, portanto, é de “fazer desejar”. Por outro lado,
considera Soler, o “fazer gozar” da mulher não exclui o “fazer desejar” – que,
conforme já assinalamos, requer mascarar-se - sendo isto que ela acredita ser
“a acentuação do núcleo histérico nas mulheres”. (2005, p. 55)
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54 p.
Notas:
[1] Histeria é um termo de origem grega (hystera = útero) e da Grécia Antiga até o século XVII ficou vinculada a uma condição médica peculiar às mulheres. Hipócrates defendia a idéia que o útero, ao se movimentar por si próprio dentro do corpo, provocava reações histéricas tais como sufocação, afonia, epilepsia e topor.
[2] Joan Riviere já havia nos apontado semelhante consideração, ao afirmar que não há diferença entre feminilidade genuína e mascarada. Apesar de alguns equívocos teóricos cometidos por esta psicanalista pós-freudiana, não podemos deixar reconhecer o valor de tal apontamento.
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